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Em que pé estão os processos de Remuneração?

Passei esse tempo de crise mais aguda sem postar artigos. Durante esse período, os profissionais de Remuneração estavam enlouquecidos apagando incêndios, correndo para fazer cálculos de revisão orçamentária, de redução de jornada, de suspensão de contrato. Estavam fazendo simulações de economias potenciais com o cruzamento de performance vs remuneração, propondo reestruturações por ajuste de span of control, e assim vai…

Não é fácil estar no centro deste processo. É quase como aquele efeito que deve acontecer com os médicos, que passam a olhar para os pacientes de forma mais técnica e pragmática. A gente também faz isso. Faz parte do nosso trabalho analisar os números e tentar ter isenção emocional, ainda que haja profundo respeito pelo ser humano por trás de cada pontinho do gráfico.

Agora as coisas estão se acalmando, os processos do nosso dia-a-dia voltam a ter espaço na agenda e já é possível pensar no que fazer daqui pra frente. Mas antes de voltarmos a falar dos temas mais gerais da área, acho que ainda vale trazermos reflexões a respeito dos efeitos da pandemia sobre os nossos diferentes processos, já que ainda estamos convivendo com eles!

Eu continuo achando que não há respostas certas pra nada na vida, mas já conseguimos fazer um balanço de algumas iniciativas em Remuneração para termos em consideração depois de tomadas as ações emergenciais.

O que pode estar acontecendo na sua empresa:

Todos estes fatores são muito lógicos. Podemos explicar suas razões e as premissas que sustentam cada uma destas ferramentas de controle e seus efeitos.

Só precisamos nos lembrar que são pessoas que sentam nas cadeiras, sendo submetidas a estas políticas…  Estas pessoas estão inseguras, e com razão.

E é exatamente neste momento, com todas as suas inseguranças e incertezas, que as ferramentas que conectavam as pessoas à empresa estão perdendo sua eficácia…

Mas como podemos ajustar os elementos do pacote de recompensa para evitar que as pessoas-chave, que são vitais para o nosso negócio, busquem alternativas fora?

Se antes da pandemia, um dos nossos maiores desafios era desenvolver ferramentas capazes de atrair e reter profissionais de alto potencial e alta performance, esta realidade não muda no novo momento que vivemos. Mais do que nunca, dependemos de pessoas capazes de levar as empresas de volta aos seus patamares de resultados anteriores. A guerra por talentos ainda é uma realidade!

É claro que também é possível ser criativo, buscando economia de encargos. Transformar os executivos em sócios, estatutários ou até PJ (para os mais agressivos, não que eu recomende). Em alguns casos pode ser uma saída. Mas me deixa dúvida sobre a aplicabilidade destas soluções nos casos em que não haja clareza quanto às questões de governança e/ou quando há inseguranças financeiras / jurídicas na empresa que possam gerar desconforto nos profissionais, que se tornariam parte de uma sociedade sem poder de voto ou de veto e com risco de ônus.

Só não deixe de considerar as soluções que façam sentido para o seu contexto de negócio, para a cultura e para o momento da sua empresa. E esteja bem assessorado quando necessário.

Por fim, faça tudo com o cuidado e com o respeito que são inerentes à nossa função. Claro.

Se Remuneração já é um tema sensível em céu de brigadeiro, é diante dos raios e trovoadas que a gente descobre porque não dá prá rodar os sistemas em piloto automático!

Fernanda Abilel é professora na FGV e sócia-fundadora da How2Pay, consultoria focada no desenho de estratégias de remuneração.

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