Sempre faço essa pergunta aos alunos no início das minhas aulas e também quando discuto projetos com clientes.
Considero esta reflexão fundamental aos profissionais de Remuneração por algumas razões. A primeira é que, como alguns costumam dizer, estamos mexendo com o órgão mais sensível do corpo humano: o bolso! E a responsabilidade que vem com a nossa função é muito grande.
Outro ponto é que todo mundo na empresa se acha especialista em Remuneração. Com tanta informação disponível, é inevitável que haja questionamentos sobre as políticas que desenhamos ou sobre as recomendações que fazemos. É justo pagar valores distintos para profissionais com o mesmo título de cargo? O setor, o tamanho, a margem ou a estrutura organizacional devem fazer diferença nos comparativos entre diferentes empresas? As regras devem valer para todos indistintamente? A cultura organizacional, o estágio de maturidade da empresa e as diferenças de performance entre profissionais deveriam impactar nestas decisões?
Seja qual for a sua opinião sobre estes pontos e sobre tantos outros, minha recomendação é sempre começar as discussões acolhendo a demanda do gestor quando ela surgir. Acolher não significa necessariamente aceitar e executar. Significa ouvir e entender que ele tem uma “dor” e que pedir uma exceção à regra pode parecer a ele como a única solução possível a um problema real.
Nestas situações, pondere os elementos que sustentam a defesa do pleito e também, por outro lado, os porquês de se manter a regra padrão, analisando os dois lados da balança. O que faz mais sentido neste caso? Quais os impactos de cada alternativa para a empresa (considerando o orçamento e todo o contexto da situação) e para os demais funcionários (considerando os aspectos de equidade interna e de isonomia de tratamento)? O que é mais justo?
Tendo acolhido, analisado todos os elementos e ponderado sobre os impactos e consequências, mesmo que a sua recomendação seja contrária à solicitação, as chances de ter no gestor um aliado nesta decisão serão muito maiores.
Quem disse que só de números vive um profissional de Remuneração…? O nome disso é empatia!
Fernanda Abilel é professora na FGV e sócia-fundadora da How2Pay, consultoria focada no desenho de estratégias de remuneração.